As experiências de quem acompanhou as transformações na educação

        Eles não estão mais em sala de aula. Não estão mais na rotina do ensinar e aprender. Mas, ainda em seus peitos bate o coração de um professor, com boas lembranças e histórias para contar, de superação e garra em momentos que a tarefa parecia pesada. São memórias que foram externadas na última quarta-feira, dia 16. No dia em que Picada Café recebia mais uma vez o Troféu Leonel de Moura Brizola seis professores aposentados estiveram na Roda de Memória da Casa de Cultura Joaneta. Assistidos foram por alunos e professores em atividade do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Décio Martins Costa e do quarto e sétimo anos da Escola Municipal Santa Joana Francisca.

        Lucila Weber, Urbano Utzig, Márcia Rollof, Irmgard Jung, Clarice Ruppenthal e Adilo Metz foram os convidados. Mediados foram pela mestra Cristiane Backes Welter. Ela usou tópicos de seu Trabalho de Conclusão do Curso de 2001, no qual fez pesquisas sobre os primeiros tempos de educação estruturada em Picada Café. Valeu-se de entrevistas que fez na época e exibiu-as para propor debates entre os educadores presentes ao encontro.

        Dentro das exposições que os convidados fizeram está a de que o papel do professor foi mudando no passar dos anos. No século passado, quando as comunidades ainda careciam de estrutura, o professor era a principal referência cultural e de conhecimento das pessoas. Um líder comunitário, dividindo esse papel em algumas situações com as autoridades religiosas. Aliás, o posicionamento do professor era uma máxima, com respeito tanto de alunos, pais e comunidade. Nas escolas, além de educador, o professor era quem fazia a merenda do dia, a faxina, ... além das escolas trabalharem no sistema de várias séries na mesma sala.

Senso comum é de que há de ser vocacionado para exercer essa profissão, tal o grau de envolvimento que ela exige e essa imersão reverbera até hoje. “Em cada início do ano letivo, quando começa aquele frenesi para a volta às aulas, parece que também devo preparar meu material e estar nas escolas para receber os alunos e ensinar”, salientou Lucila Weber.

                Fotos Marco Dieder